por Guilhobel Aurélio Camargo
Segundo o jornalista Guilhobel, Tiradentes estava vivo, um ano depois, em Paris. O feriado de 21 de abril é
fruto de uma história fabricada que criou Tiradentes como bode expiatório, que
levaria a culpa pelo movimento da Inconfidência Mineira. Quem morreu no lugar
dele foi um ladrão chamado Isidro Gouveia.
[...] Como era um simples Alferes
(patente igual à de tenente), não lideraria coronéis, brigadeiros, padres e
desembargadores, que eram os verdadeiros líderes do movimento.
Semi-alfabetizado, é muito provável que nunca esteve plenamente a par dos
planos e objetivos do movimento. [...]
Ele era, então, de
todo o grupo, aquele considerado como uma “codorna no chão”, o mais frágil dos
inconfidentes. Sem família e sem dinheiro, querendo abocanhar as riquezas do
padre. Era o de menor preparo cultural e poucos amigos. Portanto, a melhor
escolha para desempenhar o papel de um bode expiatório que livraria da morte os
verdadeiros chefes.
E foi assim que foi armada a traição, em 15 de março de 1789, com o Silvério
dos Reis indo ao Palácio do governador e denunciando o Tiradentes. Ele foi
preso no Rio de Janeiro, na Cadeia Velha, e seu julgamento prolongou-se por
dois anos. Durante todo o processo, ele admitiu voluntariamente ser o líder do
movimento, porque tinha a promessa que livrariam a sua cabeça na hipótese de
uma condenação por pena de morte.
Em 21 de abril de 1792, com ajuda de
companheiros da Maçonaria, foi trocado por um ladrão, o carpinteiro Isidro
Gouveia. O ladrão havia sido condenado à morte em 1790 e assumiu a identidade
de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida a ele pela
Maçonaria. Gouveia foi conduzido ao cadafalso e testemunhas que presenciaram a
sua morte se diziam surpresas porque ele aparentava ter bem menos que seus 45
anos.
No livro, de 1811, de autoria de Hipólito da Costa ("Narrativa da
Perseguição") é documentada a diferença física de Tiradentes com o que foi
executado em 21 de abril de 1792. O escritor Martim Francisco Ribeiro de
Andrada III escreveu no livro "Contribuindo", de 1921: "Ninguém,
por ocasião do suplício, lhe viu o rosto, e até hoje se discute se ele era feio
ou bonito...".
O corpo do ladrão Gouveia foi esquartejado e os pedaços espalhados pela estrada
até Vila Rica (MG), cidade onde o movimento se desenvolveu. A cabeça não foi
encontrada, uma vez que sumiram com ela para não ser descoberta a farsa. Os
demais inconfidentes foram condenados ao exílio ou absolvidos.
A descoberta da farsa: Há 41 anos (1969), o historiador carioca Marcos Correa
estava em Lisboa quando viu fotocópias de uma lista de presença na galeria da
Assembléia Nacional francesa de 1793. Correa pesquisava sobre José Bonifácio de
Andrada e Silva e acabou encontrando a assinatura que era o objeto de suas
pesquisas. Próximo à assinatura de José Bonifácio, também aparecia a de um
certo Antônio Xavier da Silva. Correa era funcionário do Banco do Brasil, se
formara em grafotécnica e, por um acaso do destino, havia estudado muito a
assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Concluiu que as
semelhanças eram impressionantes.
Tiradentes teria embarcado incógnito, com a ajuda dos irmãos maçons, na nau
Golfinho, em agosto de 1792, com destino a Lisboa.
[...] Há relatos que 14 anos depois, em 1806, Tiradentes teria voltado ao
Brasil quando abriu uma botica na casa da namorada Perpétua Mineira, na rua dos
Latoeiros (hoje Gonçalves Dias) e que morreu em 1818 [...].
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